Ooooi gente!
Sim, demorei pra postar aqui, faz alguns milhões de anos hahahahaha.
Vim aqui para mais um #MusicMonday, mas esse é especial - sobre o recém saído "LEMONADE", o tão aguardado sexto álbum de uma das rainhas do lacre, a maravilhosa "Queen B".
Aqui está meu parecer sobre o álbum. Espero que gostem. Já vou me despedir agora. Até o próximo #MusicMonday! ~Gabs
Primeiro, Beyoncé fala de infidelidade e amor. As músicas "Pray You Catch Me" e "Hold Up" são verdadeiros exemplos disso. A primeira tem um "quê" bem dark e a segunda algo mais romântico.
Em "Don't Hurt Yourself", Beyoncé fala das traições de Jay-Z e empodera a si mesma de forma incrível, colocando sua auto-estima acima de tudo e avisando explicitamente para Mr. Carter que quem vai perder é ele se a trair novamente. (Aliás, falemos de Jack White nessa música - o arranjo de bateria e guitarra tem blues e temos uma referência aí: Blues é um ritmo da música negra, que foi apropriado pela cultura branca americana. Inclusive, Jack White é um dos grandes nomes do Blues atual, o cara é gênio.)
"Sorry" (que foi escrita beeeeeem antes do "Sorry" de Justin Bieber, segundo um dos produtores da música, MeLo-X) é uma música de fim de relacionamento. Mas não aquelas sofrências deploráveis, que te fazem chorar um Oceano Pacífico de lágrimas: é uma música que fala algo do tipo "ah, ele(a) te deixou? Ótimo. Você tá bem melhor sem ele(a)" e essa é uma mensagem enorme de empoderamento feminino (na maior parte dos casos). Mas essa música tem uma polêmica: no fim da música, Queen Bey fala de uma tal de Becky(?) (e aí pensamos: quem diabos é Becky?) Becky, para uma boa parte dos Beyhives, é Rachel Roy, a mulher com quem Jay-Z traiu Beyoncé (quem nesse mundão de meu Deus trocaria a Beyoncé por alguma outra mulher???). Mas a tal "Becky" passa longe de ser uma pessoa - além de ser um apelido para nomes como Rebecca, por exemplo, "Becky" é uma gíria para o estereótipo de "mulher branca", segundo o site Urban Dictionary (a expressão tem outros significados que são bem mais perjorativos que esse).
"6 Inch", com o The Weeknd, é uma poderosa letra de empoderamento feminino, falando de como uma mulher pode sim ter seu próprio dinheiro e ser bem sucedida e isso não ser da conta de ninguém. A batida é intensa e sombria e lembrou um pouco "Haunted", do seu último álbum, "Beyoncé". A expressão "6 inch heels" é usada como símbolo de poder (porque todos sabemos como Bey ralou pra ganhar o título de "Queen". Mais que merecido, aliás) e a música, como um todo, é um hino do empoderamento feminino.
"Daddy Lessons" é a primeira pisada de Beyoncé na música country (e em uma boa dose de Jazz que, aliás, mais uma vez, é música negra), enaltecendo suas raízes sulistas e texanas (sim, Beyoncé é texana e com muito orgulho, obrigada!) Ela fala de tudo o que aprendeu com seu pai, Matthew Knowles, que foi não só um influenciador em sua vida pessoal, mas em sua vida profissional também.
"Love Drought" claramente fala de amor e de um relacionamento carregado de insegurança e desconfiança, mas fala da tentativa de recuperação desse relacionamento. É uma música com um baixo excelente e o synth usado como se deve, com uma flutuação incrível.
"Sandcastles" é uma das poucas músicas, de fato, românticas no álbum. A voz da Beyoncé nessa música é intencionalmente ferida - é como se ouvíssemos a dor dela em cada palavra - , mas ainda assim cheia de esperanças - fala de promessas que foram feitas e de como a vida real afetou o casamento dela com Jay-Z. É como se ela perguntasse a si mesma o que vem a seguir.
"Forward" é a música mais curta do álbum. E, ao invés da intensidade alta de "Don't Hurt Yourself", temos a serenidade da voz do cantor britânico James Blake. A música toda é serena e a letra quer dizer que, qualquer coisa que tenha acontecido nesse relacionamento, Beyoncé está olhando para frente e está superando.
Em "Freedom" temos um hino pelos direitos dos afro-americanos, junto com o gênio Kendrick Lamar (que se destaca com o álbum "To Pimp A Butterfly" (2015), que falou especificamente de empoderamento negro - a música "Alright" se tornou um poderoso hino de rua). Em toda a música, Beyoncé faz alusão aos acontecimentos da terrível história de escravidão dos afro-americanos e à atual situação de racismo na sociedade atual. Sobre a batida: muito R&B, com certeza R&B!
Ainda, no fim da música, temos uma pequena fala de Hattie White - a primeira negra eleita para um cargo público no Texas, no ano de 1958. Ela diz: "Eu tive meus altos e baixos, mas eu sempre encontro força interior para me tranquilizar. Me serviram limões, mas fiz uma limonada". E foi, provavelmente desse discurso, que veio a inspiração para o nome do álbum "Lemonade".
"All Night", produzida por Bey e Diplo (que, em conjunto com o DJ de música eletrônica Skrillex, forma o Jack Ü) fala sobre um amor sábio, o amor que já experimentou a dor e outros desapontamentos mas que foi capaz de sobreviver a tudo e continuar. A música tem bastante baixo e violinos ao fundo.
Agora falemos dela - hino da resistência negra, contribuição para o mês da História Negra (que, nos EUA, é fevereiro), importante pedaço do movimento #BlackLivesMatter ("Vidas negras importam", em tradução livre) e polêmica no mundo branco-machista-patriarcal (não só americano, mas a nível MUNDIAL!) - a rainha dos lacres e tombamentos, a música "Formation". Essa música está recheada de referências - (1) 50 anos dos Panteras Negras, partido revolucionário que lutava pelos direitos dos negros; (2) a música foi lançada em fevereiro, mês da História Negra nos EUA e (3) fala das raízes sulistas da cantora, das quais ela se orgulha, e muito!
Todos nós acompanhamos o Half Time do Superbowl - a apresentação dela gerou uma enorme polêmica no mundo branco e, de repente, eles descobriram que a Beyoncé (pasme, Brasil) é negra! Houve até um movimento pra boicotar a Beyoncé (?), o #BoycottBeyonce - e, inclusive, tem uma petição rolando na internet para que Beyoncé alise o cabelo de Blue Ivy, sua filha. É por isso que Beyoncé diz em sua música "Eu gosto da minha pequena herdeira com cabelos afro".
E querem saber porquê "Formation" gerou essa enorme polêmica? Porque essa é a primeira música da Beyoncé que não é apenas para dançar. "Formation" nos faz refletir sobre uma ferida exposta e que já deveria estar extinta - o racismo. É uma ferida exposta que expõe a hipocrisia das pessoas quando o assunto é a discriminação pela cor da pele. E é uma ferida que ainda dói em todos os negros e afrodescendentes no século XXI - ainda sentimos a dor das chibatas, ainda vemos nosso sangue ser espalhado e isso não nos agrada. Já ficou quieto por tempo demais.
Os negros são luta. São resistência e ninguém vai nos calar. Não mais uma vez.
O álbum "LEMONADE", em sua essência, é intimista - Beyoncé colocou a vida dela nesse álbum, expôs fatos sobre os quais ainda tínhamos certas dúvidas e falou de amor, de traição e falou de empoderamento e orgulho de nossas raízes. Falou da luta contra o racismo, mostrou um grande aprendizado em todos os aspectos. Beyoncé fez, de fato, como Hattie White - a vida e a sociedade lhe deram limões. Beyoncé espremeu-os e fez a melhor limonada de todos os tempos!
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Capa do álbum "LEMONADE" |